25 abril, 2008

Más noticias!!!

Meus caros, afinal até que sou algo dondoca (melhor o meu corpo é) mas não foi isso que me levou a este ponto, às más noticias.... se ainda existir por aí alguém interessado ou não (whatever) leva com o mail que enviei à minha professora coordenadora... ah se alguem souber de alguma coisa fixe pa guias turisticos ou organização de eventos... Please contact me!!


Ola professora!

Infelizmente as notícias que lhe venho dar não são as melhores! Apesar de ter plena consciência de até este momento ter estado a realizar um bom trabalho no Yandup Lodge, a minha presença lá não estava a ser bem vista pelo “coordenador” do mesmo.

O meu trabalho no resort era essencialmente o de guia-intérprete nos vários Tours que eles oferecem aos seus turistas e como nenhum dos colaboradores do Yandup fala inglês a minha presença, no ponto de vista dos turistas, tornou-se relativamente, se não muito, importante. Uma prova disso e de que estava a realizar um bom trabalho foi o facto de alguns dos turistas terem-me pedido o meu contacto para que num futuro possa ser sua guia em Portugal ou Espanha e ainda outro (um fotografo free-lancer de viagens – Jeremy Hoare – www.jeremyhoare.com) ter-me dado o contacto de uma empresa de Guias Turísticos da Costa Rica (Fabio Salas http://www.costaricareps.com) para que após o meu estágio enviasse para essa mesma empresa o meu CV ao qual iria juntar a sua recomendação sem contar com as várias referências que fizeram ao meu nome no livro de vistas do Yandup, com isto não quero vangloriar-me nem nada do género, apenas pretendo apresentar factos.

Agora as más noticias, primeiro há que explicar que o Resort está inserido numa região onde vive um povo indígena, os Kuna, região, essa, que é autonóma por lei, com as suas próprias regras e costumes e bastante fechada em si mesma. Uma das regras mais evidentes e mais defendida é o facto de aí não estar permitido qualquer investimento por parte de estrangeiros ou mesmo dos panameños não-Kunas tal como também não é permitido que aí trabalhem pessoas não-Kuna. Posto isto, quase que é evidente que a minha presença em Playón Chico, a comunidade local, não seria muito bem recebida… mas muito pelo contrário, senti sempre que era bem recebida sobretudo por parte das pessoas que trabalham com o artesanato e que por isso vivem do dinheiro que o turismo lhes proporciona, no resort, também me senti sempre bem e querida, isto, enquanto os donos aí se encontravam e por isso mesmo era por eles que passava a gestão do dia-a-dia do resort.

Mas, quando eles regressaram a cidade de Panamá, as coisas mudaram, e o poder voltou para a mão de um encarregado que eles lá tem, o qual vim a descobrir que nunca aceitou a ideia de aí ter uma estagiaria e muito menos não-Kuna, ele, a partir do momento que os donos do resort regressaram às suas vidas na cidade, fez-me sempre ver que eu lá era apenas uma visita e a minha função seria apenas e exclusivamente a de observar e nem sequer deveria falar com os turistas, então aí perguntei-lhe directamente se ele não queria que eu estivesse em Yandup de estágio, ao qual ele me responde (como já deveria de esperar) que Não.

Por isto, precipitadamente ou não, decidi regressar hoje à cidade do Panamá, porque sinceramente não me imagino a ficar num local isolada de tudo e de todos, onde tenho alergia a um insecto qualquer que eles lá tem e que por isso tive de tomar uma injecção de penicilina e mais uma serie de medicamentos para apenas OBSERVAR, onde esse tal encarregado (que tal como os restantes não tem qualquer formação, mas que ao contrário dele tem uma visão mais alargada do meio turístico) me disse que não me quer lá e que eu lá não faço parte da equipa por sou uma turista que vai ficar é mais tempo do que o normal, quero também aqui deixar claro que foi apenas uma pessoa que não aceitou a minha presença no Yandup, o problema está, é que foi, infelizmente, a pessoa com mais poder.

Ora, por isto, é de todo, para mim, insustentável e impossível gerir o sentimento de impotência, de inutilidade, a saudade e o isolamento durante todo o período do meu estágio. Porque se a saudade, o isolamento e até as fragilidades físicas que senti devido ao meu corpo ainda se encontrar em processo de adaptação ao clima, seriam facilmente (ou mais ou menos) ultrapassáveis, o sentimento de inutilidade e de impotência não… e também se a minha única função no resort seria a de observar creio que um mês é suficiente…

E agora, a pergunta, o que faço agora? Neste momento a Beatriz encontra-se fora durante dois dias, por isso, não poderei falar com ela convenientemente se bem que ela já saiba mais ou menos o que se passa e não é por ela e muito menos pelo seu marido que me encontro nesta situação. Eles tem os tais folhetos para editar, por isso talvez queiram que fique na cidade algum tempo para os ajudar nisso… Mas entretanto, também, me sinto tentada em entrar em contacto com a empresa da Costa Rica, para além disso, houve também um grupo de Chilenos que saiu hoje de Yandup que me propuseram ajudar em estabelecer contacto com um hotel do Chile (Hotel Salto del Roja de la région Bio-Bio) pois são amigos dos donos, para aí realizar o restante período do meu estágio, eles disseram que aí era normal receberem estagiários de várias partes do mundo. O que acha, então, que devo eu fazer? Tenha plena consciência que neste momento me encontro numa situação complicadíssima e sem grandes meios para a resolver….

Lamento imenso toda esta situação, não imagina como me estou a sentir neste momento, peço desculpa por ter-lhe decepcionado… Contudo, esta experiência (pena o pouco tempo e a forma lamentável como está a terminar) foi muito interessante e gratificante para mim, tive a oportunidade de conviver com pessoas excelentes com as quais aprendi muitíssimo.

Mais uma vez as minhas desculpas por toda esta situação e pelo tamanho gigantesco deste mail.